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Remédios para emagrecer: entenda em 6 pontos o veto do STF e os medicamentos liberados no Brasil

Na quinta-feira (14),jogos rentais o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, por 7 votos a 3, a lei que permitia a produ??o, a comercializa??o e o consumo de 3 medicamentos para emagrecimento: anfepramona, femproporex e mazindol.

Isso significa que, agora, n?o será mais possível produzir, comercializar ou consumir esses remédios no Brasil.

A Agência Nacional de Vigilancia Sanitária (Anvisa) já tinha retirado os três remédios do mercado em 2011), mas eles voltaram a ser liberados com a aprova??o de um projeto de lei pelo Congresso em 2017.

Veja, abaixo, o que significa o veto do STF:

Quais medicamentos foram contemplados na decis?o do STF?Por que o STF agiu?O que a Anvisa decidiu em 2011?O que s?o os anorexígenos?Quais medicamentos para obesidade s?o aprovados pela Anvisa?Quem deve tomar os remédios para emagrecer?

1 de 1 A sibutramina é aprovada pela Anvisa para tratar obesidade — Foto: Reprodu??o/TV Anhanguera

1) Quais medicamentos foram contemplados na decis?o do STF?

A anfepramona, o femproporex e o mazindol. Eles n?o poder?o mais ser produzidos, comercializados ou consumidos no Brasil. Todos eles eram usados para tratar obesidade e s?o considerados anorexígenos (veja detalhes mais abaixo).

2) Por que o STF agiu?

Em 2017, uma lei aprovada pelo Congresso liberou a venda dos medicamentos mediante receita médica específica.

O STF decidiu, entretanto, que cabia à Anvisa tomar uma decis?o sobre o assunto.

3) O que a Anvisa decidiu em 2011?

A agência proibiu o uso desses medicamentos.

Em uma nota divulgada na quinta-feira (14), após a decis?o do STF, a Anvisa refor?ou que, desde a proibi??o, nenhum laboratório apresentou estudo clínicos que indicassem alguma rela??o favorável no uso da anfepramona, do femproporex e do mazindol para a obesidade.

4) O que s?o os anorexígenos?

S?o medicamentos usados para diminuir o apetite – e, por isso, servem para tratar a obesidade.

A anfepramona, o femproporex e o mazindol – proibidas pela Anvisa – s?o drogas anfetamínicas da classe dos anorexígenos. As três s?o usadas desde a década de 50 e, nos Estados Unidos, ainda s?o prescritas, explica o médico endocrinologista Cesar Boguszewski, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

Elas agem aumentando o nível de adrenalina no cérebro e diminuindo o apetite.

"Eram medica??es que deviam ser controladas, supervisionadas, mas eram medica??es baratas – que um grupo de pacientes respondiam muito bem. Do ponto de vista médico, seria ótimo se a gente tivesse", afirma Boguszewski.

"O grande problema é que existia uma prescri??o totalmente indiscriminada dessas medica??es, por médicos que n?o eram da área, provocando vários problemas, efeitos colaterais sérios", completa o médico.

A Anvisa afirmou, ao retirar os três remédios do mercado, que n?o existiam estudos que comprovassem o seu benefício para a obesidade.

Mas Boguszewski explica que os estudos feitos – na década de 50 – eram diferentes dos que s?o feitos hoje. (N?o existiam, naquela época, os ensaios randomizados, controlados e duplos-cegos, considerados hoje o "padr?o ouro" de testes clínicos. Esses s?o os que foram usados para testar as vacinas da Covid, por exemplo).

5) Quais medicamentos para obesidade s?o aprovados pela Anvisa?

A Anvisa permite o uso de três remédios para tratar a obesidade no Brasil:

Sibutramina

A sibutramina é o medicamento emagrecedor com registro válido mais antigo no Brasil: desde mar?o de 1998.é o único medicamento disponível no Sistema único de Saúde (SUS) para tratar a obesidade.Criada inicialmente como antidepressivo, a sibutramina age no sistema nervoso central, especialmente sobre dois neurotransmissores – a serotonina e a noradrenalina, provocando no paciente a sensa??o de saciedade.

A sibutramina é um anorexígeno – mas, diferente dos três medicamentos proibidos pela Anvisa, ela é além disso, um sacietógeno, explica Cesar Boguszewski.

"Ela também influencia a saciedade, ent?o a pessoa come e se sacia com mais rapidez. Aí ela come menos e emagrece", diz.

A endrocrinologista Cintia Cercato explica que a droga é segura e eficaz, mas o paciente precisa assinar um termo de responsabilidade.

"Ela age por noradrenalina e serotonina e pode aumentar um pouco a frequência cardíaca e a press?o. é contraindicada para quem tem doen?a cardiovascular e quem faz tratamento psiquiátrico", ressalva.

Liraglutida

"A liraglutida é uma medica??o de a??o periférica: vai liberar uma substancia no intestino, que promove uma altera??o do esvaziamento gástrico no est?mago, e, no cérebro, aumenta a saciedade. Ent?o a pessoa come menos tanto por a??o central quanto porque o est?mago fica 'menor': ele dilata menos durante a refei??o e já promove saciedade mais precoce", explica Cesar Boguszewski.

O problema, diz o médico, é que a liraglutida é caríssima.

"é um excelente remédio, mas é feito para uma parcela muito limitada da popula??o. E existe uma ideia muito errada que o problema do Brasil n?o é a obesidade, é a fome. Isso é um conceito muito incorreto. Nós temos os dois problemas. A obesidade é, sim, um problema, e n?o é privilégio de classes abastadas: é uma doen?a que afeta as classes menos favorecidas. E a gente n?o consegue dar a liraglutida nos nossos ambulatórios [do SUS]. O custo é inviável", afirma.

(Abaixo, programa Bem Estar mostra como agem a sibutramina e liraglutida)

Orlistat

Assim como a liraglutida, o orlistat é uma medica??o periférica – só que n?o age no cérebro, só no intestino. Ela inibe uma enzima produzida no pancreas, a lipase, que faz a ingest?o de gorduras. Isso faz com que cerca de 30% da gordura ingerida na alimenta??o seja eliminada nas fezes, explica Boguszewski.

"Como a gordura tem bastante caloria, você está eliminando, teoricamente, calorias pelas fezes, e com isso vai promover perda de peso. N?o tem nenhuma a??o central [no sistema nervoso], só que, por conta desse mecanismo de a??o, a eficácia dela é muito mais baixa comparada com as outras medica??es. E também n?o é barata – tem custo intermediário entre a liraglutida e os outros medicamentos", diz o médico.

6) Quem deve tomar os remédios para emagrecer?

Pessoas que tenham IMC (índice de massa corpórea) acima de 30, segundo a endocrinologista Cintia Cercato, presidente da Associa??o Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

Quando o IMC é acima de 30, a pessoa já é classificada como tendo obesidade grau 1. Mesmo assim, o uso deve ser feito com prescri??o médica.

“Nas diretrizes brasileiras de obesidade, a indica??o [de medica??o] é baseada no IMC e na presen?a de doen?as associadas à obesidade. Se o paciente tem IMC de sobrepeso (25 a 30), usamos a mudan?a de estilo de vida. Se ele tem complica??es, como triglicérides aumentado, gordura no fígado, apneia do sono, aí entramos também com o tratamento farmacológico", explica Cercato.

A base do tratamento da obesidade sempre será a mudan?a do estilo de vida, com dieta, atividade física e hábitos mais saudáveis, afirma a médica.

Mas Boguszewski frisa que a obesidade tem um componente genético importante – o que significa que duas pessoas podem manter a mesma alimenta??o, ter o mesmo gasto calórico e, ainda assim, uma delas ser obesa e a outra, n?o.

"Existem pessoas que ganham peso com muito mais facilidade e outras, com muito mais dificuldade. Existem diferen?as individuais. E existe o conceito na sociedade que isso n?o existe: 'todo obeso é glut?o, é sem vergonha, n?o faz exercício'", lembra.

"Muita gente ainda considera obesidade como um problema de falta de vontade – a pessoa engorda porque é sem-vergonha, come muito, n?o faz exercício. Existe um preconceito de toda a sociedade, da classe médica, das autoridades de saúde. N?o é simplesmente porque a pessoa come muito. E, muitas vezes, mesmo aquele que come muito a gente sabe, hoje, que come muito porque tem distúrbios bioquímicos que fazem ter um apetite exagerado", refor?a.

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